Impressões

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Saudades


Saudades...

Saudades de uma época que passou,
Saudades de um amigo que já partiu,
Saudades do colo de mãe,
Saudades de um cheiro,
Saudades... apenas saudades.

Sentimento que dói no peito, aperta a alma e transborda pelos olhos. Sentimos saudades até mesmo das coisas que não nos lembramos mais.
Queria poder descrever em palavras o que seria a saudade, mas como o amor, é uma coisa que se sente, mas não se explica.
Quando lembro da minha infância, sinto saudades das brincadeiras:
brincar na rua com os pés descalços... me dá saudades do bem estar de pisar na areia,
descer a ladeira de bicicleta... me dá saudades do frescor do vento batendo em meu rosto,
pique-esconde, queimada, empinar pipa, bolinha de gude, jogar bola... me dá saudades do riso dos meus amigos, aí a saudade aperta mais ainda, pensando nos amigos que se perderam na turbulência da vida.
E ainda pensando na minha infância, sinto saudades:
de andar de mãos dadas com meu pai,
de acordar de manhã e sentir o cheiro da minha mãe,
de ver minha família reunida no café da manhã.
Acho que não importa onde você esteja vivendo, sempre existe algo da qual sinta saudades.
Vivendo longe da terrinha querida, sinto muitas saudades de tudo e de todos, lembro do dia em que minha mãe, ao telefone, perguntou do que eu mais sentia falta, e eu respondi que era de uma empregada para arrumar minha casa... rs. E confesso que sinto falta mesmo, tinha uma pessoa que trabalhava em casa (quando eu ainda morava na casa de minha mãe), o nome dela é Deuzuita, cuidava de tudo, porque tanto eu quanto minha mãe não tínhamos tempo para os serviços domésticos, mas ela não era apenas uma funcionária de casa, passou a ser integrante da família e confesso também que me deixou extremamente mimada. E hoje sinto saudades dela, não só pelo trabalho que ela exercia, mas pelo carinho que dedicava.
Sinto saudades da minha irmã, das conversas, dos desabafos, das risadas... Ainda me lembro dela pequenininha, com apenas dois dentes, cheia de dobrinhas, e linda. Se fecho os olhos consigo lembrar direitinho da gargalhada que até hoje não mudou nada, continua igualzinho.
Sinto saudades do meu irmão e de tudo que não vivemos, sinto saudades das poucas vezes que saímos juntos.
Mas a saudade que mais dói é a saudade do colo da minha mãe, o porto seguro que a gente tem certeza que nunca vai mudar. Saudade do cafuné ou das palavras de conforto. Como dói a saudade que sinto dela. Tudo que eu lembro dela, me dá saudades.
E tem a saudade daqueles que não encontrarei mais nessa vida... meu pai, Cézar, Seu Chico Bento, Tio Heidy... Pessoas que passaram por minha vida de uma forma que nunca esquecerei e que essa saudade nunca deixará de doer.

Saudades... de tudo o que vivi.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Detalhes

"Não adianta nem tentar me esquecer
Durante muito tempo em sua vida eu vou viver
Detalhes tão pequenos de nós dois
São coisas muito grandes pra esquecer
E a toda hora vão estar presentes... você vai ver"

Adoro a letra inteirinha dessa música do Roberto (já estou me achando íntima... rs), mas hoje eu quero escrever sobre os detalhes que preenchem nossa vida. Sempre ouvi inúmeras pessoas dizendo que a felicidade plena não existe, o que realmente existe são momentos felizes... Chegando a uma conclusão que felicidade não é uma constante, quero considerar que os grandes responsáveis pelos nossos momentos felizes, são pequenos detalhes.
Na verdade, no meu modo (muito particular) de pensar, os pequenos detalhes que marcam nossas vidas, são detalhes que passam banais aos nossos olhos, e que raramente o dinheiro pode comprar... Tá, tá... Sei, até eu estou achando esse texto confuso... Mas explico,
a comida feita especialmente para você (independente do que seja),
uma música que alguém te envia e diz: lembrei-me de você ao ouvir,
um afago,
um telefonema para dizer que você é importante,
um bilhete na geladeira,
uma xícara de café ao acordar...
Quando penso nos detalhes que fizeram a minha vida mais encantadora, lembro-me de minha mãe quando ela fazia bolinhos de chuva (a gente chamava de bolinho da vovó), geralmente ela fazia mesmo em dia de chuva, sabe aquele dia em que, tudo parece perdido, não podia sair para brincar, os amigos não vinham em casa, porque as mães não deixavam, pega "friage" e fica constipado... rs. E até hoje, quando chove eu lembro desses dias. E o suposto dia triste, fica muito alegre, embalado pela lembrança de um pequeno detalhe que faz uma grande diferença.
O grande problema é que o dia-a-dia, o corre-corre, nos faz esquecer desses pequenos detalhes, e a vida começa a ficar chata, tediosa, infeliz. E tudo o que o está em nossa volta parece perder o colorido, o encanto... Se eu pudesse, baixaria um decreto: É DETERMINANTEMENTE PROIBIDO ESQUECER OS DETALHES. Confesso que eu também não cumpro isso ao pé da letra, mas acredito sinceramente, que cuidando dos detalhes que fazem a diferença, o mundo, ou pelo menos, o mundo particular de cada um fica bem melhor.
E então ? Quais são os detalhes que marcam sua vida ?

sábado, 24 de fevereiro de 2007

Livre Arbítrio...

Livre arbítrio ??? Puxa, particularmente falando, acho esse nome um palavrão, por isso aqui no meu blog optarei por dizer: Livre escolha.
Mas analisando o que seria essa tão falada "livre escolha", poderíamos definir como o maior poder concedido ao homem pela criação divina... Afinal, essas escolhas implicam em tudo na nossa vida, desde a escolha de uma simples meia para nos aquecer no inverno, e até mesmo as mais difíceis decisões que decidirão o rumo dos nossos destinos.
E desde criança eu sempre ouvi falar: O nosso destino já está traçado... Bem, nesse quesito, discordo em número, gênero e grau. Afinal, se realmente fosse assim, por que somos livres para optar por caminhos diferentes ??? Então seria mais cômodo, me sentar em uma poltrona e ver o tempo passar. Acredito que nosso destino é traçado pelos caminhos que escolhemos percorrer e pelas oportunidades que devemos agarrar com unhas e dentes, quando essas aparecem.
E quando colocamos em prática esse poder que nos foi concedido ?
Em inúmeras vezes deixamos as coisas de lado por puro comodismo...
Quantas decisões adiamos por pura covardia ???
Ainda assim, estamos fazendo uso da "livre escolha", de uma forma errônea e equivocada, mas ainda assim... Esse poder prevalece.
Tento me policiar para usar esse belo poder para decidir minha vida, de forma honrada e justa, mas confesso que faz tempo que muitas decisões estão sendo adiadas, outras não são tomadas por puro comodismo e covardia... O uso indevido acaba sendo uma marca registrada.
E vc ? Como está procedendo ? Tem usado essa "livre escolha" com sabedoria ?
Meu pai me disse uma vez: Só decidimos de maneira correta uma atitude, quando temos certeza que no futuro não nos arrependeremos.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Ano Novo

Ano novo !!! Vida nova !!! Tudo novo !!!
Novas resoluções para um novo ano...
Esse ano, tenho apenas UMA resolução: Não ter nenhuma !!! rs.
Todo ano é a mesma coisa, vou fazer isso e aquilo e mais aquele outro, o tempo passa, me consome, novos planos surgem e o que foi traçado fica perdido em meio aos compromissos do dia-a-dia. Então esse ano tentei fazer o balancete anual e traçar os meus objetivos para mais um ano... E descobri que mudamos muito pouco em um ano.
Profissionalmente, os planos vão mudando, se aperfeiçoando e as metas são estabelecidas.
Pessoalmente, quero me tornar uma pessoa melhor, e isso eu tento viver todos os dias... Saber aproveitar o que a vida oferece, por mais simples que sejam. A renovação tem que ser feita todos os dias, com o sol que entra pela janela, o sorriso do meu filho, o pão com manteiga, as mensagens que recebo dos meus amigos, ou seja, a mão de Deus estendida em cada segundo da minha vida, presente para me ensinar, proteger, apoiar e me acalentar.
Viver cada dia como se fosse o último, cada dia é uma oportunidade nova para consertar-se os erros, oportunidade para conhecer gente nova, fazer as pazes, aprender a pedir desculpa, dizer "eu te amo", perdoar e o mais importante: Mudar, ser melhor.
Meus pais me ensinaram que a melhor herança que deixamos à nossos filhos são a dignidade e a honra, valores morais que o dinheiro não compra. Na pequena cidade onde cresci, me orgulho em andar pelas ruas e ser reconhecida, não pelo meu nome ou pela minha profissão, mas por quem sou e de onde vim, ser a filha do Seu Roberto e da Dona Inês da farmácia. Ouvir elogios e agradecimentos de pessoas que não me lembro mais, mas que se lembram de meus pais, porque estes significaram algo importante em suas vidas. Meu pai partiu cedo, mas deixou a melhor herança que eu e meus irmãos poderíamos receber: orgulho de poder olhar para seu passado e não termos vergonha de dizer que somos os seus filhos. E o maior tesouro que estava incluso nessa herança, veio em forma de anjo, a mulher que ele escolheu para se casar, para ser mãe de seus filhos: "Dona Inês", uma mulher de fibra, coragem, força e garra, e mesmo assim, não deixou de lado o carinho, o sorriso, a ternura e o amor.
E essa é minha grande meta todos os dias. Como pessoa, ser melhor, de forma que meus filhos nunca se envergonhem de quem são, e como mulher, me espelhar na vida de minha mãe.


Seu Roberto e D. Inês, minha raízes, meu orgulho.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Natal

Faltam apenas dois dias para comemorarmos o Natal e essa é uma época que sinceramente, me deprime um pouco, mas só um pouco. Morando fora do Brasil há um bom tempo, longe das reuniões familiares e em um país que não tem predominância cristã entre suas religiões, o Natal acaba se tornando apenas uma grande campanha publicitária organizada pelos comerciantes, que visam aumentar seus lucros. Não se pode negar que o país (Japão) fica lindíssimo. Mas sinto falta da magia espiritual à qual estava habituada no Brasil, novenas, missa do galo, presépio, troca de cartões e presentes...
Só que isso não quer dizer que eu não tenha montado minha árvore e que eu tenha esquecido das pessoas que amo, a magia diminui, mas não desaparece.
Nesse Natal vou rezar e pedir ao Nosso Pai que ilumine o caminho de cada um de nós. E que a estrela de Belém brilhe nos fazendo trilhar o caminho da paz e da bondade.

FELIZ NATAL !!!!!!!!!

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Vinícius de Moraes


A carta que não foi mandada

Paris, outono de 73
Estou no nosso bar mais uma vez
E escrevo pra dizer
Que é a mesma taça e a mesma luz
Brilhando no champanhe em vários tons azuis
No espelho em frente eu sou mais um freguês
Um homem que já foi feliz, talvez
E vejo que em seu rosto correm lágrimas de dor
Saudades, certamente, de algum grande amor

Mas ao vê-lo assim tão triste e só
Sou eu que estou chorando
Lágrimas iguais
E, a vida é assim, o tempo passa
E fica relembrando
Canções do amor demais
Sim, será mais um, mais um qualquer
Que vem de vez em quando
E olha para trás
É, existe sempre uma mulher
Pra se ficar pensando
Nem sei... nem lembro mais.



sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Preconceitos

Hoje entrei em um debate que pouco me agradou, não pelo fato da discussão e nem pelas opiniões divergentes que encontrei (em algum lugar eu li que toda unanimidade é burra), mas sim pela hipocrisia que transborda quando esse assunto é abordado. E confesso também que me irrita profundamente quando tentam me vender uma verdade que não existe, claro que não quero que todo mundo concorde com o que eu acho ou penso, mas produzir uma discussão baseada em alicerces morais infundados ou basicamente construídas em cima de padrões sociais que ditam o que é moralmente certo ou errado, acaba sendo uma ofensa de tamanho incalculável.
Bem, deixe-me esclarecer qual foi a pergunta que que gerou tamanha indignação (pelo menos da minha parte). Em meio a uma roda de amigos, entre inúmeros assuntos aleatórios (assuntos banais, com raros lampejos de seriedade) surgiu o assunto de preconceitos, e tudo começou por causa do polêmico filme "O Segredo de Brokeback Mountain", onde relata uma linda história de amor, o que seria muito comum senão fosse o fato da trama se desenrolar entre dois homens. E no meio dessa conversa surgiu a questão de quem seria preconceituoso ou não. E então, nosso pequeno grupo de amigos se dividiu da seguinte forma: duas pessoas se recolheram em um silêncio sepulcral, duas disseram que são livres de qualquer preconceito e eu, que assumi todo a minha postura preconceituosa. Não preciso dizer que tive que me defender com unhas e dentes da enxurrada de lições de moral que recebi. Se as pessoas que se declararam "não preconceituosas", tivessem usado suas próprias opiniões, valeria a pena investir em um caloroso debate sobre o assunto, mas o que ouvi foram belos discursos decorados, que como a paz mundial, é pregada aos quatro ventos, mas não passa de uma linda utopia. Pois é muito fácil (e mais bonito) dizer que meu grande sonho é a paz mundial, de um mundo sem fome, sem violência e sem guerras. Quando na verdade, sentamos em cima de nosso comodismo, olhamos com desdém para o mendigo que revira nossos lixos, ignoramos as pessoas que cruzam nossos caminhos e somos incapazes de admitir que nosso verdadeiro sonho é muito mais egoísta do que gostaríamos. E tudo isso porque vivemos, não de acordo com o que sentimos ou que acreditamos, mas sim, porque somos escravos de valores morais que ditam como devemos ser, apenas para sermos aceitos dentro de nossa sociedade "sem preconceito" e "sem hipocrisia".
E quando assumo que sou uma pessoa preconceituosa, é porque acredito piamente, que jamais encontrarei alguém que seja despido de qualquer preconceito (gostaria de estar errada), porque crescemos aprendendo o que é certo e o que é errado, e esses valores morais são altamente questionáveis.
Confesso meu preconceito porque já exitei em abraçar e beijar uma pessoa portadora do HIV (mesmo tendo pleno conhecimento dos meios de contágio), desviei o olhar quando vi dois homens se beijando no meio da rua, recusei dar dinheiro a quem precisava porque achei que o mesmo iria gastar com bebida alcoólica, me afastei de uma amiga porque descobri que ela era prostituta, e muitas outras pequenas coisas que acabam passando despercebidas.
E digo, viver sem preconceito é um ato impraticável (gostaria de descobrir que estou terrivelmente enganada).
E quando, enfim me cansei das longas lições de moral, me despedi dos amigos e ao sair da interminável discussão (onde pouco falei), passou um garoto que trajava uma bela calça de couro, camiseta baby look, óculos espelhados, boina e uma bota que imitava couro de crocodilo. Enquanto me afastava pude ouvir um dos "não preconceituosos" dizendo: _ Como uma figura dessas tem coragem de sair de dia ? Isso devia ser proibido.